O Rio Grande do Norte já teve uma ilha que foi abandonada e inundada

Você sabia que já existiu no litoral do Rio Grande do Norte uma ilha que foi coberta pelas águas? Pois é. Seu nome era Ilha da Manoel Gonçalves.

A história é tão antiga que quase não possui fotos, mas vou explicar. Lá pelo século 17 existia uma ilha que ficava a noroeste da Ponta do Tubarão, onde hoje é a reserva de desenvolvimento sustentável da praia de Diogo Lopes (entre os municípios de Macau e Guamaré).

Cidade de Macau vista de cima

Na pequena povoação habitavam gente simples e pobre, pescadores e pequenos atravessadores de especiarias, mas também haviam portugueses com boas condições financeiras, interessados na exploração e no comércio de sal marinho.

Partiam da ilha carregamentos de peixes, couro e sal. Nesse período ocorreram saques por parte de embarcações de corsários, o que até levou os representantes da Coroa a construírem um fortim para defesa, o Forte de Manoel Gonçalves.

Mapa do RN de 1811 onde consta a Ilha de Manoel Gonçalves

Quem fundou essa ilha foram os portugueses Martins Ferreira e seus genros Antônio Joaquim de Souza, Manoel Antônio Fernandes, José Joaquim Fernandes, Manoel Fernandes e o brasileiro João Garcia Valadão, o João da Hora.

Eis que no ano de 1825 as águas do mar do Oceano Atlântico começaram a avançar de uma forma que a população que vivia lá não tinha outro jeito senão abandonar a ilha e procurar abrigo em região próxima.

Mapa do RN onde consta a Ilha de Manoel Gonçalves. Fonte: Lemnisco.

Os moradores partiram em busca de outro local na mesma região, e acabaram se instalando às margens do Oceano Atlântico, num local que oferecia condições para instalações do povoado. A nova localidade se chamou Alagamar, e depois: Macau.

Segundo Câmara Cascudo, Macau, tem este nome em razão das semelhanças geográficas com a pequena cidade chinesa de Macau (ou Macao), na província de Cantão, que foi território português até 1999. Mas há uma controvérsia em realização à origem do nome. Segundo o escritor Getúlio Moura, em seu livro “Um Rio Grande e Macau”, o nome Macau tem origem nas araras vermelhas que habitavam a região, cujo os indígenas chamavam de “Macaw”.

Outros autores dizem que a palavra vem da palavra chinesa “A-ma-gao”, e que significa “Porto de À Má”, a deusa dos navegantes.

Bandeira de Macau (RN)

O fato é que a ilha de Manoel Gonçalves foi a primeira povoação do que hoje é o município de Macau, a 175 quilômetros da capital Natal.

A ilha desaparecida foi tema de um livro do professor, escritor e historiador João Felipe da Trindade, clique aqui pra conferir.

Rio Piranhas-Assu, Foto: Fábio Pinheiro.

No dia 2 de outubro de 1847, de acordo com a Lei nº 158, a cidade se desmembrou e deu origem à Angicos, e tornou-se município do Rio Grande do Norte.

Macau hoje, de acordo com o IBGE (censo de 2018), possui 31584 habitantes.

Isso me lembrou até aquela chocante história da cidade do RN que desapareceu e reapareceu em outro lugar

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Fonte: C. Macauenses, Josefa Clara Lessa

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Henrique Araujo

O criador do Curiozzzo é formado em Sistemas de Informação, já foi dono de startups, administrador de grupos, empresário, mas sempre foi um amante da internet, primeiro como desenvolvedor e depois como produtor de conteúdo, desde a chegada dela no Brasil. Em 2014 criou o blog e encontrou na história e na cultura de onde mora uma nova paixão. Hoje ele leva o Rio Grande do Norte para o mundo de forma respeitosa, criativa, curiosa e única. Siga-o: instagram.com/henrique.e.araujo

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