Este artigo foi sucesso absoluto aqui no blog porque ele é tão interessante que atrai até quem não gosta muito de história.
Um pesquisador de nome Lenine Pinto, que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte demonstra uma série de fatos e dados reais bastante curiosos, a serem contestados na história oficial do descobrimento do Brasil.
Segundo ele, baseado nestas informações o Brasil não foi descoberto em Porto Seguro na Bahia, mas no Rio Grande do Norte. É isto mesmo, você não leu errado!
Bom, em 1965 Lenine escrevia para um livro que lançaria naquele mesmo ano quando descobriu um dado interessante em suas pesquisas.
Acontece que durante a década de 40 um comandante Norte-americano chamado Jonas Inghram, de uma força tarefa no Recife, deixou escrito que escolheu esta cidade como sua base oficial em função da proximidade com o Cabo de São Roque, que é o ponto mais estratégico no Atlântico Sul.
Ele disse ainda que em Salvador teria uma melhor base, mas a distância de 400 milhas a mais fazia uma grande diferença.
“Como é que estas 400 milhas não iam fazer diferença para naviozinhos a vela, cheios de gente e dependendo de vento?”, indaga Lenine.
Segundo Lenine, Pedro Álvares Cabral também teve este mesmo problema. O navio estava praticamente parado. O tempo estimado da travessia de Cabo Verde a Porto Seguro, onde ancorou Cabral, são 30 dias.
Ele deve ter ficado um ou dois dias no mar parado em função do desaparecimento da nau de Vasco de Ataíde. “Na realidade ele fez a travessia em 28 ou 29 dias como é que ele poderia ter ido até o sul da Bahia?”, adianta.
No ano seguinte, em 1501 João da Nova, fez a travessia do Atlântico e levou 30 dias do Cabo Verde ao Cabo de São Roque, o que Lenine entende como mais um respaldo para o tempo da viagem feita por Cabral.
“D. Manuel numa carta enviada ao Rei da Espanha explica que ele mandou João da Nova para procurar Cabral e eles já sabiam da rota. João da Nova não foi para o sul da Bahia e sim para as imediações do Cabo de São Roque”, explica o pesquisador.
Lenine defende que os portugueses já haviam passado pela terra de Vera Cruz. Uma das provas é que a carta do rei D. Afonso V datada de 1470, proíbe os comerciantes portugueses que negociavam na Guiné de explorar o pau-brasil. “Por que o pau -brasil? Não tinha o pau brasil lá”, questiona o pesquisador.
Aguada
Em 1498 havia peste na ilha de Cabo Verde, o arquipélago estava seco e já se presenciava a seca provocadora do esgotamento de suas reservas hídricas.
Este era o local para reabastecimento de água das embarcações. Vasco da Gama, lembra Lenine, passou por lá e também fez estas observações, depois de Cristovão Colombo.
Nas instruções a Cabral diziam que se ele tivesse água para mais quatro meses não era preciso parar em Cabo Verde.
A aguada, que era o sistema de abastecimento das naus, incluindo caça, a reposição de lenha dos navios e o descanso para os portugueses – aconteceu em Vera Cruz e não em Cabo Verde.
“O ponto fundamental da carta de Caminha são as notícias das águas. Ele diz que as águas são muitas, encontraram lagoa de água doce e fala muito nos rios”, menciona Lenine.
O pesquisador afirma que a água era tão importante que a naveta de mantimentos foi mandada de volta para Portugal com as notícias sobre este verdadeiro tesouro para a navegação portuguesa: a água.
As coincidências históricas apontam mais uma questão que leva o descobrimento ao Rio Grande do Norte:
O mapa de Cantino, em 1502, mostra que a ponta litoral do Estado era chamada de São Jorge, exatamente o santo do dia 22 de abril. Era praxe entre os navegantes batizar os achados como o nome do santo do dia.
O marco no Rio Grande do Norte
A réplica do marco na Praia do Marco em São Miguel do Gostoso
Era normal chantar um marco no ponto onde chegavam e ao alcançarem o mar chantavam o segundo marco. “O Brasil tinha dois padrões (marcos), um na Praia do Marco, em São Miguel do Gostoso, e outro em Cananéia, em São Paulo”, ressalta Lenine.
Em documentos há relatos de que Cabral percorreu duas mil milhas na costa brasileira. “Duas mil milhas é exatamente a distância entre esse ponto do RN e Cananéia”, afirma. Ele lembra que o marco de Touros foi chantado por Cabral, na segunda missa no Brasil, no dia 30 de abril, junto à cruz onde foi celebrado o rito católico e tomada a posse oficialmente da terra.
O local onde foi encontrado o marco ficou sendo chamado de Praia do Marco. Veja fotos da praia:
Outros pontos que reforçam ainda mais a tese
Outro ponto, ressaltado pelo pesquisador, é que Pero Vaz de Caminha, ao descrever a descoberta, disse que a primeira coisa que viu foi um monte alto e redondo, que seria o Pico do Cabugi, no sertão do Rio Grande do Norte. O Monte Pascal, na Bahia, é uma torre, cortada e não tem pico. Isso seria o atestado claro do descobrimento ter realmente ocorrido no RN.
Outro aspecto destacado na pesquisa é que o pau brasil nascia no Rio Grande do Norte e se estendia até Cabo Frio, com uma interrupção na Bahia.
“Em Porto Seguro não tinha Pau Brasil, muito menos açúcar, essenciais para a economia da época”, completa Lenine.
A partir de 1502, os navegadores portugueses registraram as missões marítimas no chamado mapa de Cantino, que mostra a ponta litoral do Estado do Rio Grande do Norte chamada de São Jorge, exatamente o santo do dia do nosso descobrimento.
Era praxe entre os navegantes batizar as terras descobertas como o nome do santo do dia.
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(Fonte: Amjus – Associação de Meio Ambiente, Cultura e Justiça Social. Fotos: Google e Nelson Mattos Filho)
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25 Comentários
GERALDO AVELINO
(20 de abril de 2015 - 20:26)UMA PIADA, DE REPENTE A REPORTAGEM SE ACABA? FICA POR ISSO MESMO?
Curiozzzo
(19 de maio de 2015 - 22:48)Ué, não entendi, até onde você leu?
Tânia Maria da Fonsêca Teixeira
(22 de abril de 2015 - 14:21)Excelente, concordo com esta teoria. Sugiro comentários do livro Arraial do Marco – nosso Porto Seguro, de autoria de Tânia Maria da Fonsêca Teixeira., que será lançado hoje 22.04, na Livraria Martins Fontes, na Av. Paulista, em São Paulo.
Saiba como estão Rhanna, a garota que teve o braço quebrado numa boate em Natal há 4 anos atrás, e seu agressor Rômulo Lemos | Curiozzzo
(28 de abril de 2015 - 09:33)[…] A tese de que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte e não na Bahia […]
Gawaim
(13 de julho de 2015 - 11:16)Concordo plenamente com a tese do historiador. Assim como historiadores cearenses já conseguiram provar que as Caravelas de Colombo chegaram ao Ceará muito antes de Cabral, acredito que de Fato Cabral chegou ao Rio Grande do Norte e não no Sul da Bahia.
Mas alerto que o Pau-Brasil também foi achado em terras brasileiras, mas existe em províncias africanas também e já era chamado de pau-brasil (Por causa do vermelhidão do miolo da madeira assemelhar-se a brasa vermelha de carvão ou assemelhados!).
Curiozzzo
(13 de julho de 2015 - 11:47)Gawaim obrigado pelo acréscimo de informações.
Gilvandro de Oliveira
(25 de setembro de 2015 - 07:41)O prof Lenine Pinto!
Esta coberto de razão, obrigado.
GLEDSON LUIS DE ARAUJO OLIVEIRA
(26 de setembro de 2015 - 09:40)Faz sentido a Tese, abordou muito bem o conteúdo histórico em questão. Parabéns…
Curiozzzo
(26 de setembro de 2015 - 12:00)Obrigado Gledson. Continue participando.
Canoa encontrada na Lagoa de Extremoz no Rio Grande do Norte é o artefato náutico mais antigo do Brasil | Curiozzzo
(2 de outubro de 2015 - 11:38)[…] A incrível tese de que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte e não na Bahia […]
Tiago Araújo
(26 de outubro de 2015 - 15:48)Só uma informação, que pode servir tanto de base para sustentar esta ideia quanto para derrubá-la:
O pico do Cabugi tem aproximadamente 510m de altura. Isso faz com que seu pico seja avistado até 80km de distância, caso não haja obstáculos de relevo. A distância entre o pico e o litoral de Touros (onde foi posto o marco, sugerindo o local do descobrimento), é de pouco mais de 100km, o que impossibilitaria de que o “monte pascoal” fosse avistado de lá… entretanto, a menor distância entre o pico e o litoral é de 60km (Guamaré). Supondo que os navegadores tivessem vindo por lá, aí sim seria possível avistar o “Monte Pascoal”. Resta averiguar se seria plausível este trajeto, em função das correntes marítimas e de ar.
Abs.
Henrique Araujo
(26 de outubro de 2015 - 16:21)Obrigado pelo comentário Tiago
Carlos
(13 de janeiro de 2017 - 11:36)Consta que a altura do Pico do Cabugi é de 590m e não 510m
Henrique Araujo
(16 de janeiro de 2017 - 11:56)Opa carlos, qual sua fonte? Talvez possamos corrigir.
Armstrong C.
(1 de dezembro de 2015 - 16:55)Estou precisando desse livro de Lenine Pinto, pdf ou algo do tipo para ajudar no meu Tcc, se puder me ajudar com um site onde posso baixar já valeria muito, ou me repasse quais os números dessas paginas.
Henrique Araujo
(1 de dezembro de 2015 - 23:12)Armstrong C. não temos o livro, apenas publicamos uma imagem. Boa sorte na sua pesquisa.
ROSILDA VON RANDOW VIEIRA
(23 de abril de 2016 - 02:12)Muito boa teoria colega, mas, concordo que a matéria acabou tão de repente que voltei e rolei a página umas 3 vezes pra conferir o final que pra mim tbm faltou…rsrsrsrs
sheila
(23 de abril de 2016 - 23:31)Fantástico!
Mauri
(24 de abril de 2016 - 23:46)Genial a pesquisa. Parabéns. Porém descobrimento deveria ser um termo em desuso já que quem descobriu primeiro essas terras foram os índios. Os portugueses descobriram para si e tomaram posse dela.
Felipe Cordeiro
(3 de agosto de 2016 - 20:41)Bons argumentos. A minha dúvida é: O que mudaria se fosse confirmado que o descobrimento do Brasil foi feito no Rio Grande do Norte e não na Bahia?
Henrique Araujo
(4 de agosto de 2016 - 13:13)Felipe, esta é uma pergunta que talvez só especialistas como o professor da matéria pode responder. Mas bem colocado. Obrigado. Ah, não deixa de curtir nossa página no Facebook que nos ajuda muito, ok: http://facebook.com/curiozzzo
Arlene Balieiro
(30 de outubro de 2018 - 16:09)Acredito que o turismo seria uma boa resposta
Edie Meireles
(26 de abril de 2017 - 12:41)Se assim for, quer haja a reparação histórica, mas por este texto, só há suposições.
Henrique Araujo
(2 de junho de 2017 - 14:32)Olá Edie, há bastantes indícios segundo o professor. Seria muito legal se tivesse sido aqui mesmo, né? Obrigado por participar. Ah, e aproveite e curta a nossa página: http://www.facebook.com/curiozzzo
Imagem mostra os primeiros habitantes de Natal (RN) | Curiozzzo
(26 de julho de 2017 - 13:35)[…] É praticamente uma relíquia de um período que desconhecemos quase que totalmente, e do qual não há registro fotográfico. Se gostou veja a incrível tese de que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte e não na Bahia […]