Luís da Câmara Cascudo, que nasceu e viveu entre 1898 e 1986 em Natal, além de poeta, professor e escritor, era um grande observador e registrador das coisas do cotidiano, em seus mínimos detalhes.
O folclorista conta que os primeiros telefones em Natal surgiram entre 1908 e 1911. Em 1918 a prestação do serviço era feita pela empresa paulista Tração Força e Luz (energia elétrica, bondes e telefonia).
O gerente era um homem chamado João Batista Vásquez que morava em São Paulo e só visitava Natal vez por outra. As ligações eram realizadas através de um pool de telefonistas que trabalhavam na sede da empresa, que ficava na Avenida Tavares de Lyra na Ribeira.
E olha que curiosidade, conta Cascudo em 1979 que os natalenses mais ricos faziam o gesto de combinar uma ligação telefônica simulando o giro de uma manivela, típica dos primeiros telefones da cidade. Esse gesto foi depois foi transformado na simulação da “discagem”, isso antes dos aparelhos com teclas.
Em meados dos anos 50 a Radional, Radio Internacional do Brasil, americana, foi encarregada de prestar o serviço de ligações telefônicas interurbanas em Natal. O sistema funcionava com apenas um canal e operava em baixa freqüência de rádio, normalmente muito ruidoso.
Efetuar ligações interurbanas era um privilégio restrito praticamente às autoridades estaduais, e completar uma ligação era praticamente um milagre. A estação ficava na “Corrente”, onde hoje é o Conjunto Potilândia, no bairro da Lagoa Nova, e a conexão era essencialmente para o Rio de Janeiro (capital federal) e demorava horas para se conseguir uma condição apenas razoável de comunicação.

Os usuários mais freqüentes eram o Governador Dinarte Mariz e o Deputado Djalma Marinho. Quando a ligação local não era possível, era necessário se deslocar para a Radional que funcionava próxima a Estação Ferroviária.
A antiga TELERN, Companhia Telefônica do Rio Grande do Norte só foi criada em 1963, no Governo Aluísio Alves, e permitiu que fossem dados os primeiros passos rumo à integração interestadual pelas telecomunicações. Isto através da repetidora de Serra de Santana, de onde foi possível a execução de ligações interurbanas entre Natal, Macaíba, Ceará Mirim, Mossoró, Angicos, Lajes, Caicó, Pau dos Feros e Currais Novos.
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Fonte: Dos Bondes ao Hippie Drive-In de Carlos de Fred Sizenando R. Pinheiro. Postado originalmente por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
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