O ano era 1975. O fotógrafo Orlando Brito, do jornal O Globo, acompanhava o presidente Ernesto Geisel em uma viagem oficial ao Rio Grande do Norte quando o viu passeando de calção pela praia.
Ele então disparou a clicar, mas achava que as fotos seriam censuradas. Isso porque generais em roupa de banho não costumavam ser fotografados no Brasil da ditadura.
Ernesto Geisel substituiu Emílio Garrastazu Médici na presidência em 1974, deu início ao processo de abertura política no Brasil.
Responsável pelo Pacote de Abril, que em 1977 fechou o Congresso e cassou deputados, Geisel, por outro lado, enquadrou militares linha-dura (demitiu seu ministro do Exército, Sylvio Frota, por exemplo) e acabou com o AI-5. E aqui está a foto:

Mas o fotógrafo era esperto e tinha uma carta na manga. À revista Poder, Brito contou: “Fotografei dois rolos. Um escondi e outro ficou na câmera, pronto para ser tomado pelos militares”. No café da manha, um general perguntou o que estava fotografando na praia.
Humberto Esmeraldo Barreto, secretário de Comunicação da Presidência, interveio: “Não há problema. O presidente foi à praia, um lugar público, e pode ser fotografado sem a farda. Os tempos são outros”.
Para Brito (e para o país) foi um divisor de águas. “Quando ele disse ‘os tempos são outros’, entendi que a partir dali a ditadura iria viver o princípio do fim”.
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