Você já assistiu o filme “Homens de Honra” com Robert De Niro? Nele o afro americano Carl Brashear, estrelado pelo ator Cuba Goonding Jr., tenta ser admitido na elite dos mergulhadores de resgate da US Navy nos anos 50, enfrentando forte preconceito e sabotagens por parte dos colegas porque era negro.
No filme, que se passa nos anos 50 e conta uma história real, um homem gago, colega de Brashear, mostra-se um amigo fiel, o ajudando a enfrentar as dificuldades dos treinamentos da escola de mergulho em um EUA extremamente segregador de raças. Logo nas primeiras cenas, ele permanece no alojamento após a entrada de Brashear, enquanto todos os outros se retiram, sentindo-se ofendidos e dizendo que “não dividem o mesmo espaço com um negro”.
Acontece que o tal homem gago não existiu na história real. Na vida real este homem era o natalense Alberto José do Nascimento, o único aspirante brasileiro, porém não é feita nenhuma referência à presença de brasileiros na turma.

“Fui eu quem fiquei no alojamento, então aquele cara do filme está me representando. Agora, aquela gagueira, todo o resto que acontece ao personagem é fantasia. Um cara como ele não entraria nunca em uma escola de elite feito aquela. Ali só entravam os melhores”, contou o ex-mergulhador potiguar ao jornalista Itaercio Porpino do jornal A Tribuna publicada no ano de 2004.
O ex mergulhador natalense conta que foi ele quem participou junto com Carl Brashear do salvamento de um colega preso no fundo do mar. Inclusive recebeu todos os méritos quando a maior participação no feito foi do marinheiro negro. O filme retrata esse episódio, mas o aspirante que estava ajudando Brashear, na ficção, era outro, que, inclusive, acabou fugindo. Ainda assim, ele foi condecorado com medalha de honra.
“Teve esse salvamento, mas ele não aconteceu assim não. Não houve medalha e também não foi um americano que participou da operação, e sim eu. Como no filme, Brashear ficou muito irritado diante da injustiça”, disse ele.
Segundo a entrevista, para Alberto, o filme retrata bem a determinação de Brashear de se tornar mergulhador da Marinha americana. A parte técnica (equipamentos e situações vividas naquele tipo de ambiente) está impecável, segundo ele.
Ele disse que algumas coisas não aconteceram na realidade, mas que presenciou o episódio do teste final da escola de mergulho de resgate considerada a melhor do mundo. Para conseguir ser aprovado como mergulhador de resgate, os aspirantes tinham que montar, no menor tempo possível, várias ferramentas pequenas (parafusos, porcas, ruelas) em uma peça maior jogada ao fundo do mar. O detalhe é que as sacolas com as ferramentas de todos os brancos foram jogadas fechadas. A de Brashear foi rasgada propositalmente e suas peças espalhadas no fundo do oceano para que ele não completasse a prova. “Aconteceu daquele jeito do filme: ele ficou por mais de nove horas embaixo d’água, quase congelou, mas somente subiu com a peça montada”.
Para integrar a turma 56 da escola, o potiguar Alberto teve que passar por uma seleção rigorosa, disputando com vários marinheiros brasileiros. Somente ele e mais outro passaram.
Na época ele servia na Marinha do Rio de Janeiro, onde chegou com 17 anos de idade, depois de ter deixado Natal. Nos Estados Unidos, Alberto ficou somente por quatro meses – tempo de duração do curso. Depois disso ele voltou aos EUA uma segunda vez para fazer outro curso de capacitação.
O ex-marujo voltou para Natal há 20 anos. E vive com suas lembranças e histórias que dariam um livro em Extremoz, região metropolitana de Natal.
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