O dia em que Caicó (RN) quase mudou de nome

Ao longo da história algumas cidades do Rio Grande do Norte mudam de nome, ou, pelo menos, há quem tente mudar o nome delas. Como foi o caso de Parnamirim que uma vez mudou para “Eduardo Gomes” ou de Campo Grande que quase virava “Augusto Severo”. 

Caicó (RN) nos anos 1960. Foto: https://sacoemaca.blogspot.com/

Muitas vezes essa mudança acontece ao bel prazer de figuras políticas locais, como uma espécie de “auto-marketing”, contrariando as tradições e da cultura do povo do lugar.

Foi o que aconteceu com Caicó em janeiro de 1932. Alguém, não se sabe quem, teve a ideia de mudar o nome da cidade de Caicó, que fica a 282 km de Natal (RN), para Amaro Cavalcanti.

Mas os caicoenses e as autoridades locais viram essa proposta com maus olhos, e o caso repercutiu até na imprensa no Rio de Janeiro, que na época era a Capital Federal do Brasil. O fato é que essa mudança não foi pra frente.

Mas quem foi Amaro Cavalcanti?

Amaro Cavalcanti Soares de Brito – Fonte – stf.jus.br

Amaro Cavalcanti nasceu no sítio Logradouro, hoje conhecido como Três Riachos, não muito longe da sede do município de Jardim de Piranhas.

Estudou direito nos Estados Unidos e no retorno ao Brasil, entre outras atividades exerceu em momentos distintos os cargos de Ministro das Relações Exteriores e da Fazenda, Ministro do Supremo Tribunal Federal e de prefeito do Rio de Janeiro, onde até hoje uma grande avenida leva seu nome.

E de onde vem o nome Caicó?

Poço de Santana, fonte de água onde segundo a lenda se originou da cidade de Caicó, RN.

Existem várias versões sobre a origem e adoção do nome do município de “Caicó”. No dicionário da língua tupi-guarani, Lemos Barbosa diz que a palavra Caicó deriva da língua cariri e que significa “mato ralo”. Acredita-se que a região fosse habitada pelos índios caiacós, da família dos cariris e que os mesmos denominaram a região de Cai-icó, que significaria “macaco esfolado” por causa dos serrotes pelos quais a vegetação era desmatada.

Segundo o pesquisador Olavo de Medeiros Filho, o topônimo vinha de uma ave “agourenta”, comedora de cobras e que havia em abundância no curso d’água que passava próximo a casa-forte do cuó, chamado rio Acauã. Os topônimos “acauã” e “cuó” seriam sinônimos, sendo a primeira forma em tupi e a segunda em tarairiu e ambas as formas designavam o pássaro que dava nome ao rio e à região. Considerando a partícula “quei” como sendo “rio”, rio Acauã seria o mesmo que “Queicuó”, posteriormente Caicó.

Outra versão é defendida por Câmara Cascudo, que refere sua gênese a partir dos termos “Acauã” e “Cuó”, que servem à designação de acidentes geográficos (rio e serra, respectivamente). “Acauã” pertence à língua Tupi e “Cuó”, ao dialeto dos tapuias e tarairius. Tais tribos ainda identificavam o rio pelo termo “quei”, o que sugere que Caicó seja uma corruptela de “Queicuó”, o mesmo que rio do Cuó. Tal teoria desmistifica a lenda que relata a existência de uma tribo chamada caiacós (citada anteriormente), pois não há registro histórico que comprove a existência dessa tribo na região.

Depois de tudo isso, Caicó hoje possui um fórum local que se chama Fórum Municipal Amaro Cavalcanti, na rua Dom Adelino Dantas.

Fonte: stf.jus.br e TOK de História

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Henrique Araujo

O criador do Curiozzzo é formado em Sistemas de Informação, já foi dono de startups, administrador de grupos, empresário, mas sempre foi um amante da internet, primeiro como desenvolvedor e depois como produtor de conteúdo, desde a chegada dela no Brasil. Em 2014 criou o blog e encontrou na história e na cultura de onde mora uma nova paixão. Hoje ele leva o Rio Grande do Norte para o mundo de forma respeitosa, criativa, curiosa e única. Siga-o: instagram.com/henrique.e.araujo

1 Comentário

  • Walcy Pereira Joannou

    (22 de junho de 2020 - 19:13)

    Excelente a reportagem sobre Caicó e a quase mudança do seu nome na década de 30. O site Curiozzzo continua prestando um grande serviço à cultura da terra de minha mãe que era natural de Ceará-Mirim. Parabéns!

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