Campinas, São Paulo. O professor universitário Maurício Amaral conversa com um homem que frequentemente dorme pelos canteiros próximos a sua casa. Ele tenta ganhar a confiança do homem com paciência, dia após dia, extraindo aos poucos informações a seu respeito.
O homem é Antônio da Costa Bezerra, um mestre da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foi numa dessas conversas que o professor Amaral descobriu que ele tem 45 anos, nasceu em Mossoró, e que foi para as terras paulistas em busca do doutorado em Engenharia Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das melhores instituições da América Latina.
“Comecei a conversar com ele diariamente e, nessas conversas, ele foi soltando alguma coisa”, contou Amaral em entrevista ao Portal NO AR.
A reportagem conversou também com Carlson de Souza, que foi professor de Antônio nos cursos de graduação e também na pós-graduação dele na UFRN. “Era estudioso e dedicado. Brilhante!” descreveu o professor sobre o ex-aluno.
A palavra “brilhante” usada pelo professor Carlson não foi à toa. Ela fica comprovada quando se vê o Currículo Lattes de Antônio. O mestre em Engenharia Química que hoje vive em situação de rua no interior de São Paulo possui vários trabalhos publicados, Graduação em Engenharia Química pela UFRN (1997), é fluente em Inglês e Espanhol, virou mestre pelo mesmo curso em 1999, tem vasta experiência em Operações Industriais e equipamentos para Engenharia Química, já tendo atuado em temas como CFD, Modelagem, Simulação e Fluidodinâmica. Na última atualização, em 25 de agosto de 2005, o doutorado na Unicamp estava em andamento.
Não se sabe o que aconteceu para que Antônio passasse a ser um morador de rua assim, mas há uma suspeita: “ele deixou a Unicamp quando faltava uma disciplina para que se tornar doutor e parece ter se envolvido com drogas.”, disse o professor Amaral.
A partir daí o professor Maurício Amaral busca pessoas do Rio Grande do Norte que foram próximas a Antônio para que o ajudem a voltar para Mossoró. “Ele não tem contato com a família”, citou.
Felizmente no dia 19 de Julho o professor conseguiu entrar em contato com a família do estudante.
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1 Comentário
Cleider Duarte
(24 de agosto de 2019 - 07:47)Bom dia!
Meu nome é Cleider, eu fiquei amigo do Antonio, ele me chamava de “desembargador”, e com frequência eu tentava ajuda-lo, e fazem duas semanas que não o vejo. Fiquei muito feliz pela atitude do nosso colega, de conseguir contato com os familiares do Antonio .
Se alguém tiver o contato do Antonio ou de seus familiares, favor me passar, Gostaria muito de saber como ele está e de manter contato com ele.