Talvez você já tenha ouvido falar em um tal inventor de um “carro movido à água” em Natal, né? Pois é, mas ele realmente existiu! Ah, e o carro também! Olha só que história!
Seu nome? Nicanor de Azevedo Maia. Morador de um bonito sobrado na rua Mossoró, em Natal-RN, nos anos 60 ele era um recém formado engenheiro Civil da antiga Escola de Engenharia. Mais tarde, ele inventaria um motor para o seu veículo “movido a água”.

Mas deixa eu te explicar melhor. Nicanor se tornou professor do curso de Mecânica Aplicada do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e se dedicou à pesquisa na área de energia solar e de sistemas de propulsão.
Curioso e inquieto, ele direcionou sua pesquisa para a montagem de um “carro movido a água”. E adivinha quem acreditou nisso na época? Ninguém! Quem seria capaz de encarar de frente a poderosa indústria automobilística e do petróleo dessa forma?!
Sem se intimidar com nada, ele vendeu um dos carros que possuía, gastou 5 mil cruzeiros do próprio bolso e adquiriu um Chevrolet Biscayne 1965 (foto abaixo), para começar dar forma ao seu invento. “Há 90% de possibilidades de que a coisa dê certo”, afirmou ele em entrevista concedida à revista Veja, em março de 1976.

Mas calma, o motor não era exatamente MOVIDO À ÁGUA, certo? Na verdade Nicanor precisava extrair da água o Hidrogênio, o mesmo utilizado como combustível nas naves especiais, e pra isso ele tinha 3 ideias de sistemas de decomposição:
- Na primeira, a decomposição da água ocorria através da hidrogenita – substância composta de silício, hidróxido de sódio (soda cáustica) e cal extinta – com essa ele obteve sucesso;
- Na segunda ele utilizaria apenas o calor do próprio motor e a energia da bateria para dissociar a água;
- No terceiro método ele pensava em usar o urânio como dissociador.
Para o professor, um motor a hidrogênio ganharia em potência, por causa desse elemento ser oito vezes mais detonante que a gasolina. E a economia era grande, porque usando hidrogenita o volume correspondente a um litro de hidrogênio custaria, no máximo, 30% do valor cobrado na época por um litro de gasolina. Sem falar na vantagem de se produzir uma energia limpa sem agressão ao meio ambiente.
Toda as experiências desse “professor Pardal potiguar” eram feitas num simples galpão. Foi então que após alguns meses de pesquisa ele montou um gerador de hidrogênio à base de hidrogenita e água no velho Chevrolet! E sim! No tanque de combustível havia água! Com o carro adaptado e funcionando perfeitamente, Nicanor transitou pela cidade e fez até viagens para alguns municípios do RN.
Um dia o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), o convidou para fazer uma palestra sobre a “Utilização do Hidrogênio Obtido da Dissociação da Água em Motores Térmicos”, e aí finalmente o pesquisador ganhou credibilidade. Isso porque o experimento de Nicanor era idêntico ao utilizado pelos engenheiros do ITA, a diferença é que lá eles utilizavam uma aparelhagem moderna e sofisticada, enquanto, em Natal, o professor desenvolvia o seu invento em casa artesanalmente. Que gênio, hein?!
O “professor Pardal” potiguar calou a boca dos que falavam mal da ideia dele, mas, infelizmente a falta de incentivos maiores enfraqueceu seu sonho, e a ideia não foi levada à frente. Em 27 de dezembro de 2001, o gênio do motor “à agua” faleceu com 77 anos de idade.
Mas será que carros movidos à hidrogênio extraído da água daria mesmo certo?
O especialista em carros Boris Feldman diz que dá sim para tirar o hidrogênio da água, sem dúvida nenhuma, e que ele faz sim o motor funcionar. Mas, tem um problema: a energia elétrica que a bateria tem que fornecer para se tirar o hidrogênio da água é maior do que a energia que o sistema fornece para o motor. Então o carro poderia rodar por uns dias apenas.
Com informações de José Narcélio Marques Sousa (Engenheiro civil) amigo de Nicanor, Tribuna do Norte, e Auto Falácias , Boris Feldman para o Auto Papo.
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6 Comentários
Fernanda Sotero
(1 de maio de 2020 - 16:25)Nicanor, o bisavô do meu filho!
"Curiozzzo": blog destaca memórias e singularidades da história potiguar - Agora RN
(22 de maio de 2020 - 08:53)[…] carro movido à água? Pois é. Isso aconteceu na década de 1960 e o autor dessa façanha se chama Nicanor de Azevedo Maia, um engenheiro civil da época, morador de um bonito sobrado na rua Mossoró, Zona Lesta da capital […]
Frederico de Azevedo Maia
(19 de julho de 2020 - 13:24)Meu Pai sempre foi um visionário muito a frente do seu “tempo”. Muitas das suas ideias e criações podem ser hoje melhor compreendidas! Agradeço Henrique, por divulgar estes fatos!! O Brasil é muito pobre em divulgar sua história e exemplos!!! Fico muito satisfeito que estejamos mudando esta característica. Um País sem história é um País sem Alma!! Agradeço e um forte anraço!
Dillemburg
(18 de abril de 2021 - 17:17)Concordo plenamente. Lamentavel um pais que não lembra de seus herois. Sou uns dos que estão estudando esta tecnologia asociada com Sr. Mayer. é certamente um projeto que tem muito a ferecer.
Grande abraço.
Adriano
(1 de dezembro de 2022 - 19:54)Eu tive a oportunidade de conhecer o Sr Nicanor… vistei ele é sou testemunha essa história conheci ele pessoalmente em Barcelona RN foi junto com seu sobrinho Adolfo filho de Nelson Maia
Vi um protótipo que ele me apresentou e também vi uma romiseta conversível toda original Meu Pai é amigo do irmão dele Nelson Maia
O encontro com Nicanor que marcou minha vida porque eu era fã já tinha ouvido muita história sobre ele de repente tava ali diante dele conversando com ele Fico muito feliz de alguém relembrar a história desse grande inventor que o Brasil teve eu tive enorme oportunidade e honra de conhecê-lo
Inventores potiguares: carro movido a água, arma similar à Winchester... ⋆ Pense! Numa Notícia
(7 de fevereiro de 2023 - 11:13)[…] no seu trabalho na UFRN, não voltou aos holofotes e, segundo informa o site curiozzzo.com (https://curiozzzo.com/o-professor-que-inventou-um-carro-a-agua-em-natal/), faleceu aos 77 anos, em 27 de dezembro de […]