Já falei aqui no blog sobre aquela tese de que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte e não na Bahia, e agora surgiu mais uma novidade supostamente sobre aquela época.
Dessa vez um artefato antigo foi retirado do mar de Touros-RN na noite da quinta-feira (10/12).
A âncora foi encontrada há alguns meses pelo pescador Galinho. Segundo o pescador, existem outras âncoras na costa do mar com as mesmas características.

“Elas são grandes demais, parecem ser de navio, porém, não são de embarcações atuais, acredito que possa ser do período do descobrimento pelo formato e a corrosão do material está bastante visível”, disse o pescador.
Alguns pesquisadores já foram acionados para estudar o material e comprovar se realmente trata-se de um artefato do período colonial. Caso seja comprovado, seria mais uma evidência de que o Brasil foi descoberto no RN.
Mas segundo o arqueólogo subaquático Carlos Rios da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), que entrou em contato com o Curiozzzo, existe a possibilidade da âncora não ser do período do descobrimento, mas do século XIX, o que também faria da âncora uma relíquia, já que pode ser dos anos 1800.

“Apesar de ter bastante bioincrustrações (“fauling”), dá para ver nitidamente que é uma âncora tipo Almirantado, já que existe cepo de ferro, que passou a ser confeccionada a partir de 1815, na Inglaterra. As âncoras do período do descobrimento possuem cepo de madeira, com braçadeiras de chumbo, logo, o tempo em que essa âncora passou no fundo do mar teria destruído o cepo de madeira, seja pelo “fauling”, no caso da madeira o Teredo navalis, seja pela decomposição natural da madeira, ficando, apenas as braçadeiras de chumbo”, disse-nos o arqueólogo.
E difícil dizer sem uma análise mais aprofundada do material de quando pertence esta âncora, mas se for do período colonial brasileiro pode reforçar a tese do descobrimento no RN, ein?!
Me lembrei agora daquelas 7 coisas curiosas que você não sabia sobre naufrágios no litoral do Rio Grande do Norte
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5 Comentários
Carlos Roberto Martins Dantas
(11 de dezembro de 2020 - 15:17)Boa tarde!!!
Eu sou Carlos sou mossoro Rn resido em São Paulo 29 anos ,sempre recebo notícias do RN através do curioso procuro está compartilhando com outras pessoas matar saudade nossa terrinha muito legal esse trabalho de vcs parabéns.
Henrique Araujo
(11 de dezembro de 2020 - 16:51)Opa Carlos, que coisa boa de saber! Fico lisonjeado com sua leitura, enorme gratidão! Grande abraço!
Kildare Johnson
(11 de dezembro de 2020 - 21:38)Interessante é bastante provável. Eu moro em Pernambuco, mas todas as minhas origens são do meu querido Rio Grande do Norte.
Os indícios são muito fortes, não precisa ser navegador de longo-curso para conhecer que as condições de vento do Oceano Atlântico que, principalmente depois de Cabo Verde, se verifica uma grande área de calmaria que, não só favorece, como fortalece a teoria de que o português Pedro Álvares Cabral, chegou primeiro o RN e o Pico do Cabugi, foi o primeiro sinal de terra que a esquadra de Pedro Álvares Cabral avistou!
Carlos Rios
(12 de dezembro de 2020 - 13:36)Prezado Senhor Henrique Araújo,
Boa tarde!
Tomei conhecimento do achado arqueológico por meio de um aluno do RN que faz mestrado na UFPE.
Sou arqueólogo subaquático da UFPE e, após observar a foto, posso lhe afirmar que não se trata de uma âncora do período do descobrimento, mas do século XIX, apesar de ter bastante bioincrustrações (fauling), dá para ver nitidamente que é uma âncora tipo Almirantado, já que existe cepo de ferro, que passou a ser confeccionada a partir de 1815, na Inglaterra, cujo idealizador foi Richard Perry, que a desenvolveu em 1813, em Plymouth, UK. As âncoras do período do descobrimento possuem cepo de madeira, com braçadeiras de chumbo, logo, o tempo em que essa âncora passou no fundo do mar teria destruído o cepo de madeira, seja pelo fauling, no caso da madeira o Teredo navalis, seja pela decomposição natural da madeira, ficando, apenas as braçadeiras de chumbo.
Solicito que informe ao pescador que essa âncora deve voltar para a água salgada sob pena de se decompor pela ação da salinidade e da temperatura local, uma vez que ela foi retirada de onde estava em equilíbrio com o ambiente. Outra coisa importante, o pescador retirou um patrimônio arqueológico subaquático que é um bem material da União, logo, mesmo sem saber, ele pode estar cometendo um crime federal.
Neste contexto, sugiro que comunique a Marinha do Brasil, seja a Agência da Capitania dos Portos em Areia Branca 84 – 33322211, a Capitania dos Portos em Natal 84 – 32111013, ou mesmo ao Comando do 3° Distrito Naval, com sede em Natal 84 – 32163024, para que sejam tomadas as providências cabíveis no sentido de que não se perca esse artefato arqueológico que faz parte do sistema de fundear e suspender de algum navio de ferro ou de madeira do século XIX, que foi perdido, alijado ou faz parte de um soçobro.
Bons Ventos,
Carlos Rios
Henrique Araujo
(15 de dezembro de 2020 - 09:21)Olá senhor Carlos, primeiramente muito obrigado pelo interesse em nos informar acerca desse achado. Suas informações foram muito ricas acerca do artefato, e acrescentou muito ao nosso artigo, que será editado com base nas suas informações, ok? Sobre os aviso e recomendações para o pescador tentarei encaminhar. Obrigado e um abraço!