Quem diria que, na pequena Serra Caiada, município que fica a cerca de 72 km de Natal, por trás das pequenas casas da cidade, existiria uma rocha gigante que guarda um importante pedaço da história do chamado Velho Mundo? Mas isso é exatamente verdade!
A rocha formou-se há mais de 3 bilhões e 450 milhões de anos
Isso mesmo! Você não leu errado! Era o chamado período “Arqueano” que foi a fase mais antiga do período em que a Terra começava a esfriar, criando a crosta terrestre.
Ou seja, ela surgiu antes da própria vida humana no planeta
Quem afirma é o geólogo natural de Angicos Elton Luiz Dantas, que em 1996 fez a datação da Serra Caiada.
A serra é como um marco para a cidade, e ninguém toca nela
Segundo o professor do Departamento de Geologia da UFRN, Ademir Araújo, Serra Caiada é uma referência para o município, que foi povoado a partir de 1754, quando o Padre José Vieira Afonso recebeu a Data entre os dois riachos Trairi e Jundiaí. “Desde os tempos mais remotos que temos conhecimento, a serra é como um marco para a cidade”.
Já tentaram mudar até o nome da cidade e não deixaram
Em 1963, uma tentativa de mudar o nome do município para Presidente Juscelino provocou revolta da população.
Vinte e oito anos depois, em 1991, a Câmara Municipal decidiu — respaldada por um abaixo-assinado — fazer uma nova Lei, estabelecendo o retorno do antigo nome.
A área onde está encravada a rocha é privada, e pertence a um fazendeiro
As terras, que tem cerca de 700 hectares, foram compradas em 1974 pelo fazendeiro José de Azevedo Catão, de 80 anos, e se depender dele elas nunca serão vendidas. É como algo intocável.
Há uns 24 anos, americanos aterrissaram de helicóptero na área querendo comprá-la
Isso devido ao seu potencial para a mineralização. Então seu José, numa atitude digna de prêmio, não permitiu a destruição “do marco da cidade” e rejeitou a proposta que podia fazê-lo rico.
A “mãe” desta rocha tinha impressionantes 3,9 bilhões de anos!
A história de formação da Serra Caiada impressiona ainda mais com a informação que ela deriva de uma fonte ainda mais antiga: uma outra rocha com mais de 3,9 bi de anos!
Isso significa que, nessa época, o Rio Grande do Norte deveria estar colado à África, ou podia ser um pedaço da Bahia
“Essas evidências nos mostram que essa rocha não estava aí”, diz o geólogo Elton Dantas. Fragmentos da mesma idade foram identificados nessas duas regiões (África e Bahia).
Observação: no processo de formação do planeta, a cada 500 milhões de anos, acontecem os grandes movimentos da crosta terrestre, que geram novas configurações: continentes se separam e formações rochosas emergem à superfície.
Segundo uma lenda, Serra Caiada abriga um homem bondoso
Conta-se na cidade que dentro da rocha vivia um ser bondoso que emprestava sal aos moradores, quando estes estavam desprovidos de recursos.
Ao depositar garrafas vazias na abertura da pequena gruta — na parte mais baixa da serra — eles saiam com potes cheios. Quando estavam em melhores condições, voltam à gruta e devolviam a mesma quantidade de sal que haviam recebido. Um dia, um desses moradores rompeu o pacto, e a magia acabou.
“Contam os mais antigos que desde esse dia a rocha não emprestou mais sal”, diz a pedagoga Rosemeire Oliveira Costa, autora de um livro sobre Serra Caiada, baseado em informações de antigos moradores e de historiadores.
E existe ainda a lenda de um caçador que abre e fecha a rocha
Além da mão caridosa, segundo as lendas a rocha abriga ainda um caçador — que sem esforço — abre e fecha um certo local da rocha como se tivesse o mesmo poder do Ali Babá. Nessa gruta, ele vive bem com gêneros alimentícios à disposição.
Alpinistas escalam a rocha há mais de 14 anos
Nos fins de semana, o silêncio na Serra Caiada é quebrado pelo barulho dos ganchos atirados à serra.
São forasteiros — munidos de cordas coloridas e capacetes de segurança — que exploram a rocha para o montanhismo.
O esporte virou rotina na serra há mais de dez anos, mas também tem seu lado triste, pois já fez algumas vítimas fatais, a primeira em setembro de 1991.
E se você gostou veja esta impressionante ‘casa de pedra’ no Rio Grande do Norte já esteve submersa no oceano
Fonte: Tribuna do Norte
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3 Comentários
Ademir Araújo da Costa
(10 de abril de 2018 - 21:07)Muito bom o texto. Descrito de forma clara e objetiva. Entretanto senti a necessidade de discutir a importância da rocha para o Rio Grande do Norte e do Brasil, dada a antiguidade da mesma em relação a América Latina, bem como a importância para a pesquisa científica, notadamente para a geologia, para a geografia, para o turismo e áreas afins.
Carlos José Silva
(2 de junho de 2018 - 23:01)Muito bom gostei ,bastante esclarecedor
Henrique Araujo
(3 de junho de 2018 - 12:01)Obrigado Carlos!